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Por que a felicidade no trabalho virou um indicador nas empresas?
Felicidade no trabalho já deixou de ser uma meta subjetiva. Hoje, ela é um indicador que aponta problemas e oportunidades dentro de um negócio. Em outras palavras, medir a felicidade do time é uma prática de gestão que pode aprimorar os resultados.
Mas, como o sentimento passou de sensação desejada para métrica? E por quê?
Neste artigo, vamos entender mais como a felicidade influencia seu negócio. Acompanhe.
A ciência da felicidade: de sensação para objeto de estudoO ser humano deseja ser feliz desde que o mundo é mundo. Não à toa, estudar a felicidade é um movimento importante da comunidade científica porque pode nos trazer respostas sobre esse tão importante sentimento.
E muitas conclusões interessantes já emergiram das pesquisas. Veja.
- A felicidade é o combustível para o sucesso, segundo uma das cientistas mais importantes da psicologia positiva: Sonja Lyubomirsky, da Universidade da Califórnia nos Estados Unidos. De acordo com o levantamento, as pessoas alcançam seus objetivos com mais facilidade quando estão felizes.
- Outro apontamento importante da ciência é que sentir-se feliz libera a ocitocina, hormônio que aumenta a capacidade cognitiva. Diversos estudos concluem essa relação, como o artigo científico publicado no periódico Journal of Clinical & Diagnostic Research.
Esses são apenas alguns exemplos das pesquisas sobre o sentimento.
E é evidente que se a felicidade tem tamanha influência no comportamento humano, devemos olhar para a relação do sentimento com o trabalho. Afinal, passamos boa parte de nossa vida trabalhando.
E aqui entra a perspectiva da felicidade enquanto indicador.
Felicidade no trabalho: sua influência para os resultados da empresa
Depois de descobrir a importância da felicidade para o contexto geral do comportamento humano, a comunidade científica tem se debruçado nas análises do sentimento dentro do ambiente de trabalho.
Como mencionei, faz todo sentido. Trabalhamos boa parte da vida e dependemos de nosso desempenho para evoluir.
Nesse sentido, as descobertas são impressionantes. Estudos da Universidade da Califórnia, por exemplo, concluíram que:
- Um trabalhador feliz é 31% mais produtivo, em média.
- Colaboradores felizes são três vezes mais criativos.
- Time feliz pode vender até 37% a mais do que colegas que não se sentem assim.
Ainda, levantamentos da Universidade de Harvard, apontam que:
- Colaborador feliz pode ser 85% mais produtivo.
- Trabalhadores com mais felicidade costumam ser 30% mais inovadores.
- Acidentes de trabalho diminuem em 50% com times mais felizes.
Fica clara a importância da felicidade no ambiente de trabalho, concorda?
Funcionário feliz é uma responsabilidade da empresa?
Essa discussão é complexa, mas vou tentar resumir com um olhar pragmático sobre o assunto.
A empresa tem a responsabilidade de promover um ambiente de trabalho seguro e saudável para seus colaboradores, sem dúvida. E nesse sentido, o sentimento de felicidade individual de cada funcionário não faz parte do quadro de responsabilidades do empregador.
No entanto, a empresa tem a responsabilidade para com seus próprios resultados. Ela precisa de receita para continuar existindo. Como funcionários felizes são mais produtivos e contribuem mais com o resultado, pensar na felicidade do time pode ser uma estratégia muito inteligente.
Assim, em termos legais, a felicidade enquanto um sentimento subjetivo e pessoal não é a responsabilidade da empresa.
Mas, em termos de estratégia e boas práticas de gestão, considerar a felicidade do time é uma decisão promissora.
- Não à toa, empresas como Google, Amazon, Heineken e outras gigantes do mercado adotaram ferramentas para avaliar a felicidade dos colaboradores.
- Ainda, segundo o LinkedIn, milhares de empresas adotaram posições de gestão para que especialistas meçam o nível de felicidade dos funcionários e desenvolvam estratégias para promovê-la.
- Por fim, universidades renomadas como Harvard já têm em seu currículo o estudo da felicidade e sua aplicabilidade no contexto corporativo. No Brasil, A FAE Business School, em Curitiba (PR), foi a primeira instituição a oferecer especializações sobre a felicidade. Hoje, o Brasil já tem diversas faculdades tratando do assunto.
Medir e promover a felicidade na empresa
Para medir e promover a felicidade na empresa, é necessário adotar algumas práticas de gestão eficientes. Veja.
Como medir a felicidade no trabalho
Várias ferramentas podem ser desenvolvidas para medir a felicidade do time no trabalho. Aqui, cito as principais, que inclusive podem ser usadas em conjunto. É interessante contar com especialistas em gestão para a criação desses materiais e avaliação das métricas.
Pesquisa de clima organizacional
Mede a percepção do colaborador sobre a empresa, os sentimentos que ele tem em relação ao contexto geral do ambiente de trabalho. Para maior efetividade, é recomendada que a pesquisa seja anônima e que o colaborador confie no anonimato.
Pesquisa de engajamento
Mede o sentimento de pertencimento e de satisfação do colaborador, além de avaliar se ele se sente valorizado e reconhecido. São necessários mecanismos que permitam ao time se sentir à vontade para responder às perguntas.
Pesquisa de feedback sobre o líder
Avalia o sentimento do colaborador em relação ao líder. Necessário que seja anônima ou que o colaborador tenha plena confiança para falar o que realmente sente.
Reuniões 1:1
Avalia de maneira mais pessoal e aprofundada o sentimento do colaborador sobre a empresa, sobre si mesmo e sobre seu líder. Aqui, vale contar com um sujeito imparcial ou externo para conduzir os encontros 1:1.
Para melhorar a felicidade do time
Para aumentar o nível de felicidade do time, uma série de soluções de gestão podem ser aplicadas. Essas ferramentas contribuem tanto com o sentimento positivo da equipe, quanto com demais aspectos da produtividade e resultado.
Processos claros para trabalhar
Criar processos claros para os colaboradores desempenharem suas atividades e computarem seus resultados colabora com a organização da empresa e com o cronograma diário do funcionário.
Isso porque, com mais clareza, ele trabalha com mais confiança - o que contribui com vários aspectos de seu desempenho e, inclusive, com a provocação da felicidade.
Segurança psicológica promovida pela liderança
Líderes precisam promover um ambiente psicologicamente seguro para seus colaboradores. Na prática, significa tratar com respeito e empatia seus liderados e assegurar que eles tenham confiança na empresa, no seu espaço, no seu direito de ser quem são e na possibilidade de se expressarem.
Inclusive, aqui podemos evocar a teoria da liderança pelo exemplo. Quando um líder respeita, é comprometido e empático, inspira que seu time haja da mesma maneira.
Ainda, podemos lembrar do levantamento publicado pelo LinkedIn de que 80% dos colaboradores que pedem demissão saem da empresa por conta da liderança.
Treinamentos
Treinamento de habilidades técnicas e comportamentais para time e liderança contribuem com o sentimento de felicidade porque promovem a sensação de realização.
Além disso, com mais conhecimento prático sobre suas tarefas e mais ferramentas de inteligência emocional, a equipe tende a se sentir melhor e mais feliz.
A felicidade é um sentimento muito bom. E promovê-lo na sua empresa como parte das boas práticas de gestão colabora tanto com os resultados, quanto com o impacto positivo que seu negócio gera na comunidade em que está inserido.
Marcia Correa
Consultora de gestão e fundadora da Metha Consultoria