• Millennials: cenário, comportamento e angústias dos jovens profissionais

    30 de Abril de 2019 • Categoria: Gerações Gestão Resultados

    "Os millennials são imediatistas e não sabem administrar”. Provavelmente, você já deve ter ouvido essa frase sobre a geração Y – que é formada pelos jovens nascidos no início dos anos 80 até meados dos anos 90.

     

    Mas, até que ponto isso é verdade?

     

    Se você é um jovem profissional ou se faz parte das gerações passadas, convido para uma reflexão sobre os anseios dos millennials, foco e o que podemos aprender com eles. Vamos lá?
     

    millennials - homem geração y usando computador

    Quais os anseios e soluções para a geração y? (Imagem: Pexels)​

    Millennials: quem são eles e quais seus anseios 


    Segundo levantamento da ONU, o Brasil está entre os 10 países com mais millennials – são 51 milhões, o que nos coloca em sétimo lugar nessa lista. Além disso, de acordo com dados do Meio e Mensagem, a geração representa 30% da população brasileira e será 75% da força de trabalho em 2025. 


    Portanto, grande parte dos consumidores e profissionais são os jovens da geração Y, que se caracterizam principalmente pelo imediatismo. 


    Especialistas explicam que essas pessoas têm acompanhado seus pais trabalharem anos a fio, para só desfrutar da vida em idades mais avançadas. Eles não querem isso.


    Eles não separam o conceito de vida pessoal e profissional – para os millennials, tudo se mistura e não é admissível esperar por 10, 20 ou 30 anos para ter algum reconhecimento. Muito menos, para ser feliz só na aposentadoria. 


    Além disso, hábitos de consumo dos millennials são diferentes. Enquanto a geração X (nascidos no início dos anos 60 até fim dos anos 70) é mais materialista e valoriza o mercado de luxo, a geração Y prefere investir em experiências. Não que eles não gostem de bens ou não sonhem com uma casa própria e um bom carro. Mas de um modo geral, valorizam outros benefícios por trás das marcas e patrimônio. 


    Agora, eu pergunto: até que ponto a visão dos millennials sobre profissão e vida é imatura? Particularmente, acredito que em termos de satisfação e realização, não se separa o profissional do pessoal. Inclusive, penso que é fundamental encontrar um propósito para o que fazemos e com isso ser feliz, sim, agora. 


    Será que essa visão dos jovens não é, na verdade, uma percepção mais sincera e aprimorada sobre a vida? Acredito que sim. Mas, ainda existem alguns ajustes que precisam ser feitos.

     

    Millennials: o problema do foco
     

    Quando digo que existem ajustes que a geração Y precisa fazer, bem, não sou eu quem diz. São especialistas. Douglas A. Boneparth, em seu livro The Millennial Money Fix, explica que um dos principais erros cometidos pela geração está na parte financeira. 


    A revista Forbes aponta os dois principais, destacados pelo autor: falta de objetivos e falta de controle de caixa. Essa falta de objetivos atrapalha o foco, o que pode impedir que a geração Y utilize seus recursos de forma satisfatória.


    Ampliando o comportamento financeiro da geração Y para um plano profissional, é possível entender o que ocorre com muitos jovens empreendedores. Falta de controle do dinheiro aliado às muitas ideias resultam em pouco foco e recursos. 


    Com isso, não é difícil de entender porque tantos millennials têm ideias excelentes que não são concretizadas. 


    Claro que vale lembrar: apesar do comportamento das gerações ser um padrão a nível de sociedade, cada um é cada um. 


    Nesse sentido, Douglas conta que a solução para os jovens é definir o que eles querem da vida. É uma casa, um carro, morar em outro país? A partir da definição, programar de forma mensurável o que precisam para atingir esse objetivo. Ou seja: estabelecer prazos, valores e métodos para chegar lá. 


    Aproveitando o embalo, pergunto: você é um jovem da geração Y? Quantos planos você já conseguiu tirar do papel? Tem conseguido conciliar o desejo de aproveitar o presente com os planos para o futuro?

     

    millenials - mulher geração y olhando computador
    Os profissionais jovens têm sede de conhecimento. A falta de foco pode atrapalhar, mas é fácil de resolver. (Imagem: Pexels)

    Millennials: aprendendo com eles

     

    Conseguindo somar os conceitos de que é preciso ser feliz durante a jornada e é necessário ter um foco para o futuro, acredito que os jovens possam contar com um caminho bastante interessante para percorrer. E nós – jovens mais experientes – podemos aprender com isso.


    Inclusive, tem uma coisa que gosto muito nos millennials. É a sede que essa geração tem de aprender e a capacidade bolar novas ideias. São questionadores e inconformados, têm uma mente borbulhante e querem ir atrás de seus sonhos. 


    Vejo, infelizmente, que muitos só não chegam a desenvolver, de fato, essas ideias criativas por causa da perda do pique ao longo do processo. Motivo? Concordando com especialistas, acredito que é a falta de foco. 


    A boa notícia é que adicionando um pouco de objetivos práticos à receita comportamental dos millennials, tem-se um comportamento promissor e inspirador.


    Isso, por que jovens empreendedores e colaboradores têm sede de solução. Eles querem resolver as coisas para ontem – e esse anseio na medida certa, é ótimo! A vida passa rápido, ser prático e se preocupar com o valor do presente é importante.


    E pensando em aproximar a teoria da prática, conversei com um jovem profissional muito competente. Victor Salmoria já viveu muitas experiências profissionais. Trabalhou na fábrica de jeans de seus pais, foi empreendedor num projeto totalmente criativo e hoje desempenha um papel importante dentro de um grupo de empresas do segmento automotivo.

    Será que você vai se identificar com o que ele tem para dizer? Aposto que sim.

     

    M: Victor, de onde vem sua inspiração?
    V: Acredito que vem da vontade de ter experiências diferentes e com elas adquirir conhecimento. O que me move é o conhecimento. Quanto mais você aprende, mais conexões você consegue criar para achar solução e inspiração. 

     

    M: E de que formas você procura se manter motivado?
    V: Sempre focar no objetivo final, sem esquecer que o caminho é fundamental para uma vida feliz. Nunca esqueço que não adianta buscar ser feliz amanhã, se você realmente não estiver fazendo o que você quer fazer, não terá motivação. Ou você ama e enxerga desafio ou não terá motivação.

     

    M: Como você costuma encarar problemas?
    V: Costumo encarar como desafio e também validar o quanto a solução é importante para que eu possa chegar ao objetivo final.

     

    M: Quais são suas frustrações - e como você lida com elas?
    V: A minha falta de capacidade de solucionar situações que eu adoraria poder ajudar. Isso é o que me deixa muito frustrado. Gostaria de poder ter a solução rápida e pronta para tudo. Mas entendo que ainda preciso me capacitar muito para poder chegar onde quero. Outra frustração grande que tenho é de às vezes não ter a autonomia para poder fazer a solução que gostaria que fosse feita. Como já passei pelo papel de empreendedor e assim do tomador da decisão, às vezes ainda preciso me adaptar à ideia de não ter essa autonomia. 

     

    M: O que você apontaria como sabotadores do pique - o que te tira o pique e a vontade de seguir num projeto?
    V: O que motiva é resultado, e o que tira o pique é visualizar que o resultado que você espera e que as pessoas esperam não é alcançado e você não tem a capacidade de realizar. Eu venho de uma geração "imediatista" e mesmo sabendo disso eu sofro muito com esse mal, eu queria que tudo estivesse bem. Mas às vezes parece que a solução fica cada vez mais distante do esperado. E isso tira o pique.

     

    O quanto de millennial você tem em si mesmo? Como podemos pegar o melhor dos dois mundos – geração X e Y – e tornar a vida mais realizadora? 


    Fique à vontade para compartilhar seus pensamentos por aqui. 


    Abraços,
    Marcia. 

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