• Empoderamento das mulheres no mercado de trabalho: realidades, expectativas e por que isso é bom para todos

    20 de Maio de 2020 • Categoria: Gerações Gestão Mudança Resultados

    Aproveitando o embalo da campanha Outubro Rosa, quero fomentar mais um diálogo relacionado ao público feminino: o empoderamento das mulheres no mercado de trabalho e por que isso é bom para todos nós. Friso aqui o “todos nós”: homens e mulheres. Por isso, convido você a analisar comigo as realidades, expectativas e entender porque uma participação igualitária das mulheres seria muito positiva.
     

     Empoderamento das mulheres no mercado de trabalho: Anne Fisher, a primeira mãe a ir para o espaço, em 1980. (Imagem: Hypeness)
     

    Primeiro de tudo: desmistificar o conceito de empoderamento feminino

    O termo empoderamento feminino ficou bastante conhecido nos últimos anos. O que muita gente ainda não sabe, é o seu verdadeiro conceito – várias pessoas acreditam que se trata de um movimento que superioriza as mulheres em relação aos homens, ou, ainda, que faz parte de algum viés partidário político.

    Não é nada disso.

    O real significado de empoderamento feminino está relacionado à igualdade e mora em um campo político neutro – ou seja, não pertence ao partido x ou y.  

    Então o que é o empoderamento das mulheres?


    É o processo necessário para que exista igualdade entre mulheres e homens em todos os setores da sociedade. É dar poder para que haja equidade. E equidade é bom para todos nós. Tanto é bom, que diversas empresas líderes em seus segmentos fomentam o empoderamento das mulheres.

    Explico.

    Não é segredo para ninguém que, durante muitos séculos, as mulheres eram subjugadas e não podiam fazer as mesmas escolhas que os homens – como estudar, trabalhar, votar e (pasmem) até mesmo viajar.

    Aos poucos, as próprias mulheres foram se unindo para questionar seus papéis e exigir direitos iguais. E tudo começou quando elas olharam para si mesmas e entenderam que eram igualmente inteligentes e capazes de fazer tudo que qualquer homem fazia.

    A partir desse olhar, passaram a ter autoestima e poder de fala: e com esse combustível, começaram a lutar por seus direitos. Direitos que nós, mulheres de 2018, já desfrutamos naturalmente.

    Entende como se dá o processo do empoderamento? Olhar para si mesmo com autoestima e se dar o poder de fala. Empoderar-se. E por quê? Para conquistar os mesmos direitos – e assim, viver em igualdade.

    E se engana quem pensa que empoderamento feminino é coisa que só mulher faz por mulher. Muitos homens também lutaram pela causa e lutam até hoje. A exemplo disso, há o movimento Eles por Elas, da ONU.

    Além disso, muitas empresas são apoiadoras da causa e promovem ações e políticas de carreira que visam empoderar a mulher – ou seja, dar a elas o direito de fala e as condições necessárias para que efetivamente vivam e trabalhem com igualdade.

    Mas a gente ainda precisa do empoderamento das mulheres, em especial, no mercado de trabalho?

    Sim. Precisamos! E a esta altura, você pode estar se perguntando se o empoderamento feminino não se trata de um tópico do feminismo, certo?

    Olha, ele é sim um tópico do feminismo. Não sei bem como você vê o feminismo, caro leitor e leitora. Mas sei que, por conta da terminologia “ismo”, muitos acreditam que o feminismo é a oposição de machismo: enquanto machismo coloca os homens numa posição superior, o feminismo supostamente colocaria as mulheres nessa superioridade.

    Novamente, uma confusão comum. Não é isso.

    Aqui, cabe a explicação do professor Mario Sérgio Cortella: feminismo é simplesmente a ideia de que mulheres e homens são iguais. Não é o contrário do machismo – pensamento de que homens são superiores.

    Inclusive, veja este vídeo de trinta segundinhos com a explicação dele.

    Qualquer manifestação associada ao feminismo que incite ódio ao sexo oposto ou comportamentos extremistas e fanáticos, não são parte do legítimo feminismo e da pauta do empoderamento das mulheres, sabe?

    E contei tudo isso para deixar claro, então, que esse conceito do empoderamento feminino tem a ver com os passos que precisam ser dados para que exista uma completa igualdade entre os sexos. E isso é ótimo para o mercado de trabalho, para a economia e para a vida de todos nós.


    Chiquinha Gonzaga, primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil e autora da marcha "Ó Abre Alas", em 1899. (Imagem: M de Mulher)
     

    Mercado de trabalho para as mulheres: realidade atual

    Apesar de tudo que já foi conquistado pelas mulheres, ainda existem pontos importantes para a evolução da igualdade no mercado de trabalho.

    De acordo com o levantamento veiculado em reportagem da revista Galileu, apenas 9 a cada 100 mulheres ocupam cargos de CEO no mundo. No Brasil, o total de mulheres em altos cargos executivos é de 6%.

    Além disso, o relatório do Fórum Econômico Mundial ainda mostra que o Brasil está na 90ª colocação do ranking sobre igualdade entre homens e mulheres. A lista traz 144 países e o nosso caiu algumas posições, sendo o terceiro da América Latina com a pior colocação. Ficamos apenas atrás do Paraguai e Guatemala – que estão na 96ª e 110ª posições respectivamente.

    E por que isso é ruim? Além de não ser um cenário favorável para uma sociedade mais equilibrada e justa, é ruim porque a economia também sofre perdas significativas – como veremos a seguir.

     


    Sofia Ionescu-Ogrezeanu foi a primeira neurocientista e neurocirurgiã do mundo. (Imagem: Mega Curioso) 
     

    Igualdade para as mulheres no mercado de trabalho: bom para todos!

    De acordo com estudos de diversos especialistas, com a participação das mulheres no mercado de trabalho em condições igualitárias, a economia mundial e dentro de cada país teria importantes ganhos.

    Segundo a análise da McKinsey Global Institute (MGI – página 08), por exemplo, seriam injetados aproximadamente 28 trilhões de dólares à economia global até 2025 se todos os países atingissem a plena igualdade econômica entre homens e mulheres.

    A professora e pesquisadora da FGV, Angela Donaggio, explica em matéria para a revista Época, que só no Brasil haveria um aumento de 850 bilhões de dólares no PIB se as mulheres não tivessem suas carreiras prejudicadas por conta de atribuições desiguais dadas ao gênero feminino – especialmente em relação ao cuidado de filhos e casa.

    Nesse mesmo sentido, um estudo da Ernest & Young publicado na revista Pequenas Empresas Grandes Negócios, mostra que setores tradicionalmente masculinos aumentariam a produtividade em 25% com a atuação de mulheres também. Além disso, a pesquisa mostrou que empresas com mulheres nos conselhos administrativos costumam ter resultados financeiros 36% melhor do que aquelas sem participação feminina.

     Anita Garibaldi lutou na Revolução Farroupilha no Brasil e contra a invasão do exército austro-húngaro na Itália. (Imagem: M de Mulher)


    Empoderamento das mulheres no mercado de trabalho: expectativas

    Somando todas as conquistas, o que ainda precisa ser feito e os resultados positivos que a participação igualitária das mulheres no mercado de trabalho traria à sociedade, muitas empresas estão trabalhando para empoderar o público feminino.

    Na Johnson & Johnson, por exemplo, aproximadamente 44% dos cargos de chefia estão com mulheres. No Bank of America, as licenças maternidade e paternidade têm o mesmo período de duração – 16 semanas – fomentando o conceito de que a responsabilidade pelos filhos é igual. Além disso, as dez primeiras empresas da lista de melhores lugares para mulheres e famílias trabalharem, do prêmio Great Place To Work, oferecem auxílio creche. Veja aqui, na revista Forbes.

    Outro ponto interessante no caminho desta evolução é a renda: de acordo com o Ministério do Trabalho, em matéria divulgada na revista Época Negócios, o salário das mulheres no Brasil cresceu mais do que o dos homens em 2017. Em outras palavras, é possível que em alguns anos colaboradoras ganhem o mesmo que colaboradores.

    Além disso, alguns casos específicos mostram que cada vez mais as mulheres estão conquistando espaço em setores considerados masculinos. Este ano, quem ganhou o Prêmio Nobel da Física foi uma mulher - terceira vez na história que isso acontece.

    Apesar do Brasil ser um dos países com menos representação feminina na política, nas eleições de 2018 o número de mulheres na câmara aumentou 51% em relação ao índice de 2014.  E lá nos Estados Unidos, pela primeira vez uma mulher vai assumir o comando das Forças Armadas americanas.

     

     O primeiro time de basquete feminino do Smith College, nos Estados Unidos, em 1902. (Imagem: Hypeness)


    Conclusão: já conquistamos muito e podemos mais

    O empoderamento das mulheres no mercado de trabalho é fundamental para que a sociedade toda viva melhor, tanto nos aspectos sociais quanto em termos econômicos. E apesar de desafios que ainda precisam ser vencidos, podemos ficar otimistas.

    Isso, porque nós também podemos nos empoderar, priorizando nossa carreira e, com força de vontade, seguir nosso caminho rumo aos objetivos profissionais que almejamos.

    Se você é mulher, eu digo: siga em frente sempre, que você vai conquistar seu espaço.

    Se você é homem: apoie as mulheres ao seu redor – é bom para elas, é bom para você e é bom para a economia e sociedade.

    Juntos, todos, podemos fazer nosso mundo bem mais equilibrado e feliz, não é mesmo?

     

    (Imagem: Superinteressante)
     

    Espero que tenha gostado da reflexão e fique à vontade para comentar.

    Abraços,
    Marcia.

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