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Sucessão empresarial não é sobre sair: é sobre garantir continuidade
Falar de sucessão empresarial é falar de um movimento estratégico e não apenas de um plano para quando o dono decide se aposentar.
Inclusive, na minha experiência de mais de 20 anos com empresas familiares de médio e grande porte, vejo na prática como sucessão fortalece o negócio desde o momento que começa a ser desenhada.
Por isso, pensar na sucessão da sua empresa não deve ser um devaneio voltado para o futuro distante do fundador totalmente afastado. Pensar na sucessão é o presente vivo e pulsante.
Vamos falar sobre isso? Acompanhe.
A urgência da sucessão empresarial
Sim, planejar a sucessão empresarial é uma questão vital. E quem diz são os números de levantamentos importantes do setor. Veja.
- No Brasil, cerca de 70% das empresas familiares não sobrevivem à passagem da primeira para a segunda geração. E entre aquelas que conseguem avançar, 90% não chegam à terceira. O dado é de um estudo do Sebrae e IBGE.
- No âmbito internacional, o SBA dos Estados Unidos aponta que apenas 30% das pequenas empresas familiares superam a segunda geração, 12% chegam à terceira e apenas 3% à quarta.
Em outras palavras, muitos negócios encerram seu ciclo por falta de preparo e não por falta de potencial.
Esse número triste poderia ser facilmente revertido com um projeto de sucessão empresarial.
O que é sucessão empresarial estratégica na prática?
Sucessão empresarial estratégica é um conjunto de ações que articulam seleção, formação, governança e continuidade. Isso inclui processos formais e documentados.
Resumidamente, o planejamento estratégico da sucessão inclui:
- Critérios claros para identificação de sucessores: familiares ou profissionais externos com perfil adequado.
- Formação e desenvolvimento: com rotação em áreas estratégicas, mentorias, cursos e projetos reais.
- Governança e conselho: com governança e conselhos consultivos ou de administração que tragam visão externa, ética e suporte à transição.
- Registro de processos e cultura organizacional: documentação de procedimentos para a sucessão e valores que mantêm coesão e identidade.
- Gestão de riscos e cenários de emergência: contemplando afastamentos inesperados, crises ou rupturas súbitas.
Com isso, transformamos a sucessão em um sistema de fortalecimento do negócio e não apenas um evento pontual.
E se o fundador quer continuar na liderança?
Ele pode (e deve) continuar liderando se essa for sua intenção.
Até porque, muitas sucessões são graduais: o fundador segue ativo e depois evolui para o papel de presidente do conselho ou conselheiro, enquanto o sucessor assume funções executivas.
A essência está em garantir que a empresa funcione bem independentemente da atuação direta, com autonomia e liderança efetiva de quem assume.
Sucessão não é abandono: é maturidade e preparo.
Garantir continuidade: o que a sucessão realmente significa
Quando bem estruturada, a sucessão empresarial garante que a identidade da empresa sobreviva à troca de lideranças. Ela evita rupturas, dá segurança ao mercado, protege o patrimônio e reforça a cultura interna.
Não é sobre substituição de nomes. É sobre preservar a coerência do negócio, mesmo quando pessoas mudam.
Quando começar o plano de sucessão empresarial?
A resposta é simples: sucessão empresarial se inicia agora. Minha recomendação é não esperar sinais de desgaste ou intenção de saída definitiva.
Então, o caminho é começar dialogando com sócios e família, mapeando competências e analisando estruturas de governança existentes - mesmo que sejam básicas.
A partir daqui, é possível montar um projeto em etapas:
- Identificar potenciais sucessores;
- Criar um plano de formação;
- Instituir um conselho consultivo;
- Documentar processos;
- Mapear cenários de risco.
Cada etapa gera confiança para a equipe, alinhamento para a família e valor mensurável para o mercado.
Sucessão empresarial: você está se preparando?
O tema tem ganhado atenção das empresas familiares de pequeno e médio porte, porque os dados nacionais e globais não mentem: empresas com projeto de sucessão preservam seu legado e não viram estatística.
Inclusive, recentemente participei do incrível encontro Gestão em Foco, em Londrina (PR) para falar sobre o tema – e foi uma troca enriquecedora com empresários da região.
Conclusão: sucessão empresarial é um projeto para o presente
Sucessão empresarial não é sobre quem sai. Nunca foi. É sobre quem permanece sólido no comando e quem assume o bastão com preparo e responsabilidade.
Então, não é apenas um evento futuro - é um alicerce para a continuidade estratégica.
Portanto, pergunto a você: o seu plano de sucessão empresarial está pronto para garantir essa continuidade, ou ainda é apenas uma ideia vaga para o futuro?
- No Brasil, cerca de 70% das empresas familiares não sobrevivem à passagem da primeira para a segunda geração. E entre aquelas que conseguem avançar, 90% não chegam à terceira. O dado é de um estudo do Sebrae e IBGE.